quinta-feira, 10 de julho de 2008

D. Duarte diz que há cada vez mais pessoas com fome

O chefe da Casa Real Portuguesa, D. Duarte de Bragança, defendeu ontem que o Estado se deve preocupar em dar formação às famílias sobre a forma de gerir a economia doméstica, no contexto presente de crise alimentar.

"Há cada vez mais pessoas a passar fome em Portugal e isso é grave. Mas há também um problema de formação", disse aos jornalistas, à margem da sessão de abertura do colóquio "Crise Alimentar nos Centros Urbanos", que decorre no Fundão.
"Há muitas pessoas em situação difícil porque não sabem gerir a economia doméstica", refere.
D. Duarte mostrou-se ainda contra a atribuição de subsídios sem que quem os recebe "dê uma contrapartida" e defendeu uma aposta em "melhor educação". "Por exemplo, muitas pessoas não sabem planear uma dieta equilibrada, gastando menos. Pensam que todos os dias têm que pôr um bife à mesa", referiu D. Duarte, considerando que o Estado tem um papel "fundamental" em fazer chegar formação a estas famílias.

"É para isso que pagamos impostos. Não é para construir auto-estradas inúteis e estádios de futebol, mas sim para educar e evitar que cheguemos a situações sociais como as que temos hoje", realçou. "Não vejo que se fale de fome na Alemanha ou na Áustria, só aqui é que oiço isso", acrescentou.

A iniciativa de ontem no Fundão foi organizada pelo Instituto da Democracia Portuguesa (de que D. Duarte de Bragança é presidente de honra) em parceria com a Associação de Regantes da Cova da Beira e a Câmara do Fundão. D. Duarte alertou ainda para a dependência alimentar de Portugal do estrangeiro, que só pode ser limitada "com uma revolução completa da política de planificação do território", destinando mais terras à agricultura. "A agricultura tem sido injustamente perseguida em Portugal", referiu. "Os agricultores portugueses recebem 40 por cento dos apoios que recebem os do resto da Europa." "E daquilo que vendem só retiram 15 a 20 por cento", concluiu.
Ontem, no Fundão, não foi a primeira vez que D. Duarte levou a cabo aquilo a que os seus apoiantes gostam de chamar "monarquias abertas". Já tinha estado no Alentejo, e o tema principal tinha sido a saúde. Além do colóquio sobre a "Crise alimentar nos grandes centros urbanos", D. Duarte de Bragança tinha na agenda a assinatura de vários protocolos com instituições do distrito de Castelo Branco.

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